A Confederação Nacional da Indústria do Brasil (CNI) e as principais instituições financeiras agora prevêem uma desaceleração acentuada para a maior economia da América Latina em 2025.
Após uma expansão robusta de 3,4% do PIB em 2024, as projeções para 2025 variam de 1,6% a 2,3%. Essa desaceleração decorre de uma mistura de inflação persistente, altas taxas de juros e estímulo fiscal desbotado, de acordo com relatórios recentes do CNI e do Banco Central.
O agressivo aperto monetário do Banco Central desde agosto de 2024 elevou a taxa selera de 10,5% para 14,25%. Os analistas esperam que atinja 15% até o final do ano.
Essas altas taxas reduziram a inflação, que os mercados financeiros agora veem em 5,57% em 2025, mas também tornaram o crédito mais caro e o investimento menos atraente.
O custo real dos empréstimos permanece entre os mais altos globalmente, e isso restringe a expansão dos negócios e o consumo das famílias. A política fiscal também se apertou. O governo reduziu os gastos após um período de estímulo em 2024.
Os alvos fiscais para 2025 provavelmente serão atingidos, mas apenas através de medidas de ajuste adicionais. Mesmo assim, a dívida pública deve continuar aumentando, pois o déficit primário é projetado perto de 0,6% do PIB.
O risco de derrapagem fiscal permanece, especialmente nas eleições gerais que se aproximam e nas pressões políticas que aumentam mais gastos públicos. No lado da demanda, o mercado de trabalho continua a mostrar resiliência.
O crescimento do emprego do Brasil diminui em 2025
A FecomercioSP espera que o Brasil crie entre 1,2 e 1,5 milhão de novos empregos formais em 2025, abaixo de mais de 2,2 milhões em 2024. O setor de serviços, responsável por mais da metade dos novos empregos no ano passado, continuará a impulsionar o emprego.
Projetos de infraestrutura como a Linha 6 do Metro de São Paulo estão gerando milhares de trabalhos de construção, mas o ritmo geral de criação de empregos diminuirá.
A agricultura se destaca como um ponto positivo. Os economistas esperam uma colheita recorde em 2025, que deve revigorar o setor após um desempenho fraco no ano passado.
Essa recuperação ajudará a compensar o crescimento mais fraco da indústria e dos serviços, mas não pode contrabalançar totalmente o arrasto dos altos custos de empréstimos e da política fiscal cautelosa.
A posição externa do Brasil permanece estável. O superávit comercial está previsto em US $ 75 bilhões em 2025, e o investimento direto estrangeiro deve ficar constante em US $ 70 bilhões.
A taxa de câmbio, no entanto, enfrenta pressão, com o real de se depreciar para 5,90 por dólar até o final do ano. A história real por trás dos números é um país que se adapta aos limites de seu recente crescimento.
Os formuladores de políticas enfrentam escolhas difíceis: mantenha a inflação sob controle com altas taxas ou pressões de preços renovados ao risco, facilitando muito cedo. A restrição fiscal é necessária para evitar a turbulência, mas diminui a recuperação.
O ambiente de negócios permanece desafiador, com reformas estruturais – como simplificação tributária – oferecendo alguma esperança de melhorar a produtividade no médio prazo. Por enquanto, a economia do Brasil está esfriando e as empresas devem navegar por uma paisagem definida pela cautela, não por exuberância.