(Análise) Ministros das Relações Exteriores do grupo BRICS-Brazil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos membros da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Indonésia, Etiópia e Irã-Met no Rio de Janeiro no final de abril de 2025.
A reunião, amplamente coberta por fontes em espanhol, português e chinês, revelou divisões internas nítidas e expôs a luta do grupo para cumprir suas ambições. A cúpula do Rio terminou sem uma declaração conjunta.
O Brasil, atuando como presidente, emitiu uma declaração solo denunciando o protecionismo comercial global. O grupo não conseguiu chegar a um consenso sobre questões importantes, incluindo o apoio às ofertas do Brasil e da África do Sul para cadeiras permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Este impasse destacou a incapacidade do bloco de se unir por trás de objetivos compartilhados. Isso ocorre quando as políticas comerciais dos EUA, do presidente Donald Trump, continuam a interromper os mercados globais.
A China tentou levar o grupo a adotar uma posição mais firme contra as tarifas dos EUA. No entanto, a Índia e o Brasil resistiram, com o objetivo de evitar o confronto direto com Washington.
Os próprios desafios econômicos da China que abrem o crescimento, uma grave crise imobiliária e um envelhecimento da população limitou sua influência no cume. O crescimento anual da China agora fica bem atrás das taxas de dois dígitos das últimas décadas.
A África do Sul também deixou o cume sem progresso. O Egito e a Etiópia, ambos novos membros do BRICS, se recusaram a apoiar a campanha da África do Sul para um assento africano permanente no Conselho de Segurança.
Sua disputa em andamento sobre a grande barragem do Renascimento Etíope no Nilo continua a corrigir as relações. O Egito depende do Nilo durante a maior parte de sua água, enquanto a Etiópia vê a barragem como vital para sua energia e desenvolvimento.
Essas tensões ameaçam minar a cooperação mais ampla do BRICS. A expansão do BRICS trouxe novas oportunidades, mas também novas complicações. A economia do Egito se beneficia do aumento do comércio com a Rússia, agora seu principal fornecedor de trigo, e pretende atingir US $ 100 bilhões em exportações anuais.
O BRICS luta por unidade e influência financeira em meio à inflação
A Etiópia, uma das economias de crescimento mais rápido da África, espera aprofundar o comércio com a China e a Índia, mas enfrenta alta inflação e reservas estrangeiras limitadas. Apesar da conversa sobre “desdollarização”, o BRICS New Development Bank permanece pequeno em comparação com o Banco Mundial e o FMI.
Seus recursos limitados e dependência de empréstimos denominados em dólares mostram a luta do bloco para oferecer uma alternativa real aos sistemas financeiros liderados por ocidentais. A economia do Brasil enfrenta seus próprios problemas, com altas taxas de juros sufocando o crédito e diminuindo o crescimento.
A Bolívia, atendendo como associada, continua sofrendo escassez de combustível e falta de dólares, apesar de sua retórica anti-EUA. A cúpula do Rio mostrou que, embora o BRICS tenha crescido em tamanho, ela permanece dividida por interesses nacionais e disputas regionais.
A incapacidade do grupo de agir como uma força econômica unificada levanta questões sobre seu papel futuro nos assuntos globais. O mundo dos negócios observa como o BRICS busca relevância, mas enfrenta a realidade de brecha interna profunda e poder financeiro limitado.