O governo da Argentina lançou uma operação de segurança de várias agências em 26 de maio de 2025, visando um trecho de 25 quilômetros de sua fronteira nordeste com o Brasil, uma região por muito tempo atormentada pelo tráfico de drogas, contrabando e assassinatos de contratos.
Apelidada de Operação Guaçrarí, a iniciativa de seis meses pretende desmantelar as redes criminosas ligadas ao Primeiro Comando da Capital do Brasil (PCC) e com Ganges de Comando Vermelho, que operam ao lado de grupos locais na província de Misiones.
As forças federais, incluindo a gendarmería (polícia de fronteira) e a polícia federal, coordenarão com as autoridades provinciais de Misiones e os líderes municipais brasileiros no estado de Santa Catarina.
As patrulhas se intensificarão ao longo da Rota 14 e perto da passagem de fronteira de Bernardo de Irigoyen-Dionísio Cerqueira, usando drones e aeronaves de vigilância para monitorar rotas clandestinas.
A operação se alinha ao Plano Roca, uma implantação militar mais ampla de 10.000 soldados nas fronteiras do norte da Argentina, desde abril de 2025.
As disparidades econômicas impulsionam a crise: as reformas pós-liberalização sob o presidente Javier Milei ampliaram as lacunas de preços, tornando a eletrônica brasileira e o combustível 30 a 50% mais barato na Argentina e o contrabando de abastecimento.
As autoridades relataram sete assassinatos contratados vinculados a grupos criminosos apenas em 2023, ao lado de um aumento de 400% nas crises de drogas desde fevereiro de 2025. As empresas Misiones alertam os controles mais rígidos podem interromper o comércio transfronteiriço legal, o que contribui com 15% do PIB da província.
Salto de segurança nas fronteiras da Argentina
O governo federal do Brasil expressou surpresa por não ser consultado, embora os prefeitos locais tenham endossado as medidas, citando desafios de segurança compartilhados.
A ministra da Segurança Argentina, Patricia Bullrich, enfatizou a colaboração com a polícia de Santa Catarina enquanto defendia a ação unilateral: “Este território foi abandonado, permitindo que o crime metastase”.
Os críticos argumentam que o papel expandido das forças armadas – autorizado para deter civis sob o decreto 1112/2024 – riscos que aumentam as tensões em uma região que já enfrenta ataques de retaliação a oficiais de fronteira.
A estratégia reflete o plano da Argentina, Güemes, uma iniciativa de cercas de fronteira com a Bolívia que reduziu os cruzamentos ilegais em 60% no início de 2025. O sucesso depende do equilíbrio da fiscalização com a estabilidade econômica, pois os corredores comerciais legais de Misiones permanecem vitais para as cadeias de suprimentos regionais.
Com 1.300 soldados agora estacionados permanentemente em zonas de alto risco, a operação sinaliza a priorização da soberania de Milei sobre as sutilezas diplomáticas, testando laços com o Brasil em meio a uma batalha regional contra o crime transnacional.