A Boeing prevê publicamente problemas contínuos de fornecimento para aeronaves comerciais nos próximos 20 anos, marcando uma mudança nas expectativas para o setor de aviação global.
A empresa, antes do Paris Air Show, agora prevê que o mundo precisará de 43.600 novas aeronaves até 2044, uma ligeira queda em relação à estimativa anterior de 43.975.
Esse ajuste reflete questões persistentes da cadeia de suprimentos que superaram a pandemia e continuam afetando todo o setor.
Os números destacam uma lacuna significativa entre demanda e produção.
A Boeing estima uma escassez atual de 1.500 a 2.000 jatos, um déficit que cresceu à medida que as companhias aéreas se recuperaram rapidamente da pandemia, mas os fabricantes não correspondem ao ritmo.
A empresa espera que somente até o final desta década as taxas de produção de aeronaves começarem a atender às necessidades do mercado.
A maior parte da nova demanda virá da Ásia, particularmente a China e o Sudeste Asiático, o que será responsável por metade da nova capacidade necessária.
O restante será impulsionado pela substituição de aviões mais antigos, principalmente na América do Norte e Eurásia. A Boeing projeta que jatos de corredor único, como o 737 Max, compensarão cerca de 80 % de todas as novas entregas.
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As interrupções da cadeia de suprimentos atingiram a indústria com força. O marco da produção máxima da Boeing, por exemplo, foi adiado por seis meses, empurrando a meta de 42 jatos por mês de setembro de 2024 a março de 2025.
Esse atraso forçou os fornecedores a reduzir sua própria produção, causando tensão financeira e dores de cabeça operacionais em toda a cadeia de suprimentos.
Atualmente, a Administração Federal de Aviação limita a produção máxima da Boeing em 38 jatos por mês, mas a empresa está produzindo ainda menos, pois funciona por meio de desafios regulatórios e de segurança.
Os fornecedores, muitos dos quais dependem fortemente da Boeing, tiveram que ajustar a produção e gerenciar o excesso de inventário, levando a perdas de receita e incerteza.
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A frota global dobrará quase em 2044, atingindo pouco menos de 50.000 aviões. Os mercados emergentes representarão mais da metade da frota, acima dos 40 % em 2024.
As 10 principais companhias aéreas agora controlam apenas 30 % do mercado, abaixo dos 45 % em 2004, refletindo o aumento das transportadoras na Ásia e no Oriente Médio.
Os sinais de previsão da Boeing de que a recuperação da cadeia de suprimentos levará anos, não meses.
Para empresas e investidores, a mensagem é clara: o crescimento do setor de aviação dependerá tanto da fixação de gargalos de suprimentos quanto do aumento da demanda de passageiros.
Essa realidade moldará o investimento, o emprego e a concorrência na aviação nos próximos anos.