O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se destacou como o único líder de uma grande democracia a participar do desfile do Dia da Vitória da Rússia em 9 de maio de 2025.
Quase 30 líderes mundiais se juntaram ao presidente russo Vladimir Putin e ao Xi Jinping da China em Moscou, mas a maioria aclamada por regimes autoritários ou aliados tradicionais da Rússia.
Os líderes da União Europeia, exceto o primeiro -ministro da Eslováquia, e os Estados Unidos ficaram longe, ressaltando os rostos da Rússia de isolamento diplomático do Ocidente após sua invasão de 2022 da Ucrânia.
A presença de Lula enviou uma mensagem clara: o Brasil não se juntará aos esforços para isolar a Rússia diplomaticamente. Em vez disso, Lula usou a ocasião para reafirmar a política externa independente do Brasil e seu compromisso com os interesses econômicos acima das alianças ideológicas.
Ele se encontrou com Putin para conversas bilaterais, concentrando -se na cooperação estratégica em energia, comércio, defesa e tecnologia. A delegação do Brasil incluiu ministros responsáveis por minas, energia e ciência, destacando o foco prático e mercantil da visita.
Os laços econômicos do Brasil com a Rússia cresceram, especialmente em setores críticos. A Rússia agora fornece 65% das importações de diesel do Brasil, acima de 1% em 2021.
O Brasil mantém a neutralidade no conflito da Rússia-Ucrânia
Em 2024, o Brasil pagou a Rússia quase US $ 10 bilhões por 6,5 milhões de toneladas de diesel, um número que representa cerca de um décimo do orçamento total de defesa da Rússia. Os fertilizantes russos também permanecem vitais para o poderoso setor de agronegócios do Brasil.
O comércio entre os dois países atingiu US $ 12,4 bilhões em 2024, mas o saldo favorece fortemente a Rússia, deixando o Brasil com um déficit de US $ 9,5 bilhões. O governo de Lula mantém a neutralidade desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O Brasil se absteve de votos para suspender a Rússia dos órgãos de direitos humanos da ONU e se recusou a fornecer armas à Ucrânia. Lula disse repetidamente que não venderá armas para “matar russos”.
Essa postura frustrou a Ucrânia, que recentemente retirou seu embaixador de Brasília e deixou a embaixada sob um chargé d’Affaires até pelo menos 2026.
A participação de Lula no desfile atraiu críticas em casa e no exterior, especialmente quando ele estava ao lado de líderes da Venezuela e Cuba. No entanto, também demonstrou a disposição do Brasil de se envolver com poderes emergentes e manter a autonomia a partir da pressão ocidental.
O governo de Lula vê essa independência como essencial para a liderança regional e a segurança econômica do Brasil. A abordagem do Brasil reflete um ceticismo mais amplo em relação aos pedidos liderados pelo Ocidente por isolamento diplomático.
Muitos no Brasil vêem demandas como hipócritas, dadas as ações ocidentais passadas em conflitos como o Iraque e a Líbia. A estratégia de Lula visa proteger as apostas do Brasil em um mundo de mudança de dinâmica de poder, mantendo as portas abertas ao leste e oeste.
Ao se juntar a Putin na Praça Vermelha, Lula destacou a recusa do Brasil em deixar a pressão externa ditar sua política externa. A medida destaca um foco pragmático nos interesses econômicos e na influência regional, mesmo quando lidera as relações com os aliados ocidentais e a Ucrânia.