Os promotores trabalhistas brasileiros entraram com uma ação histórica contra a fabricante chinesa de veículos elétricos BYD e dois subcontratados, alegando exploração sistêmica de 220 trabalhadores chineses em um canteiro de obras no estado da Bahia.
O caso, enraizado em uma investigação de 2024, acusa as empresas de tráfico de seres humanos e manutenção de condições classificadas como “parecidas com escravidão” sob a lei brasileira, incluindo trabalho forçado, retenção de salários e acordos de vida desumana.
Recrutamento e exploração
Os trabalhadores foram recrutados sob falsos pretextos, emitiram vistos para papéis especializados, mas forçados a trabalhar em trabalho manual, como alvenaria e soldagem. Seus passaportes foram confiscados e sofreram turnos de 12 horas sem descanso semanal.
Os contratos incluíram cláusulas ilegais: até 70% dos salários foram retidos como um “depósito” e as multas de rescisão impunham multas pesadas. Alguns pagaram US $ 900 antecipadamente para garantir empregos, sem salário, se desistirem antes de seis meses.
Condições de vida e trabalho
Habitação superlotada forçou 31 trabalhadores a compartilhar um único banheiro, exigindo que as 4 da manhã acessem instalações antes das 5:30 da manhã. As camas careciam de colchões e a comida era armazenada de maneira insuficiente ao lado de pertences pessoais.
Os guardas armados monitoraram seus movimentos, restringindo a liberdade. Pelo menos quatro acidentes no local de trabalho – resultando em amputações e lesões – foram relatados devido a ambientes inseguros.
Demandas legais e financeiras
Os promotores buscam 257 milhões de reais brasileiros (US $ 45 milhões) em danos morais coletivos e 50.000 reais por violação por trabalhador. O processo exige conformidade com as leis trabalhistas e a compensação individual para cada dia que os trabalhadores sofreram condições exploradoras.
A BYD encerrou seu contrato com o subcontratado Jinjiang após o resgate, mas enfrenta críticas por suposta vigilância de trabalhadores brasileiros após o incidente.
Resposta corporativa e implicações mais amplas
BYD nega irregularidades, reivindicando a conformidade com os padrões trabalhistas brasileiros e internacionais. A empresa acusa os críticos de “manchas” de marcas chinesas, embora não tenha abordado violações específicas.
O caso destaca vulnerabilidades nas cadeias de suprimentos globais, principalmente para trabalhadores migrantes. Os sindicatos brasileiros entraram com ações separadas por irregularidades salariais, enquanto as autoridades investigam possíveis acusações criminais.
O resultado pode definir precedentes para responsabilizar as empresas multinacionais pelos abusos do subcontratado. Todas as reivindicações derivam de relatórios verificados por inspetores trabalhistas, promotores e evidências documentadas.