A sétima comissão do Senado da Colômbia votou pelo projeto de reforma trabalhista do presidente Gustavo Petro após cinco horas de debate. Oito senadores se opuseram à legislação enquanto seis apoiaram, entregando a terceira grande derrota legislativa ao primeiro presidente de esquerda da Colômbia.
O ministro do Trabalho, Antonio Sanguino, anunciou imediatamente planos para emitir nove decretos presidenciais para resgatar as principais disposições da reforma fracassada. O governo também continua desenvolvendo uma consulta popular em que os eleitores podem aprovar diretamente elementos de reforma, ignorando obstáculos legislativos.
O projeto de lei derrotado teria reduzido a semana de trabalho de 48 para 42 horas e aumentaria a compensação para o domingo e o trabalho de férias. Também teve como objetivo formalizar trabalhadores domésticos, agrícolas e de plataforma, enquanto fortalece os direitos de negociação coletiva.
Os senadores da oposição citaram um relatório do banco central alegando que a reforma eliminaria mais de 400.000 empregos. O senador Honorio Henríquez chamou de “um golpe letal para o emprego” que prejudicaria as empresas que geram 80% dos empregos nacionais.
O ministro Sanguino contestou esses números, insistindo que a reforma criaria 91.000 novos empregos anualmente. Ele sustentou que a legislação não afetaria estruturas fiscais ou emprego público.
Petro assumiu o cargo em agosto de 2022 com uma agenda ambiciosa para transformar as estruturas econômicas da Colômbia. Seu governo garantiu aumentos de salário mínimo e reformas de pensão, mas não conseguiu promover iniciativas de saúde, impostos e agora trabalhistas.
O governo da Colômbia enfrenta conflitos internos
A coalizão do governo se fragmentou devido a diferenças ideológicas e escândalos de corrupção envolvendo membros do gabinete. Embora os partidos de esquerda mantenham seu número mais alto de assentos legislativos, eles não têm a maioria necessária para aprovar a legislação de forma independente.
O ministro do Interior, Armando Benedetti, disse que as autoridades elaboraram onze perguntas do referendo até agora. Isso provavelmente abordará as regras de pagamento de horas extras, horários de trabalho e remuneração de férias.
Milhares de apoiadores do governo se reuniram no Plaza Bolívar durante o debate no Senado para apoiar a reforma. Enquanto isso, as manifestações da oposição atraíram dezenas de milhares protestando contra as políticas econômicas da Petro nos últimos meses.
O escritório do Ombudsman da Colômbia pediu ao Senado que continue debatendo o projeto, citando sua importância para as proteções dos trabalhadores. A legislação teve como objetivo reverter as políticas neoliberais implementadas por antigas administrações, enquanto incorporava os padrões internacionais de trabalho recomendados pela OCDE.