O Senado Argentino rejeitou decisivamente os indicados ao presidente Javier Milei para a Suprema Corte, Ariel Lijo e Manuel García-Mansilla, em um voto histórico.
A indicação de Lijo falhou com 43 votos contra e 27 a favor, enquanto García-Mansilla enfrentou uma derrota ainda mais severa, com 51 votos contra e apenas 20 apoiando-o.
Essa rejeição sem precedentes destaca as profundas divisões políticas e levanta questões sobre a abordagem do presidente à governança. Milei havia nomeado os dois candidatos por decreto em fevereiro de 2025, depois de não garantir a aprovação do Congresso por mais de um ano.
Esse movimento controverso ignorou o papel constitucional do Senado na aprovação de juízes da Suprema Corte. Muitos senadores criticaram essa decisão como um excesso de poder executivo, argumentando que ela prejudicou a independência judicial.
As nomeações foram feitas “em comissão”, um mecanismo raramente usado destinado apenas a situações urgentes quando o Congresso está em recesso. A rejeição também refletiu preocupações mais amplas sobre os próprios indicados.
Lijo, um juiz federal, enfrentou alegações de corrupção e má conduta, enquanto García-Mansilla, um advogado ultra-conservador conhecido por sua posição anti-aborto, provocou oposição ideológica.
Além disso, os senadores criticaram a falta de diversidade de gênero nas indicações de Milei, pois a Suprema Corte atualmente consiste inteiramente de juízes masculinos.
Dinâmica política e tensões institucionais
A dinâmica política desempenhou um papel significativo no resultado. Os senadores do Partido Pro de Mauricio Macri votaram contra os indicados de Milei, sinalizando tensões crescentes entre o presidente e seus ex -aliados.
A sessão mal chegou ao Quorum, com 38 dos 72 senadores presentes, ressaltando a fragilidade do apoio de Milei no Congresso. O governo respondeu acusando o Senado de agir por motivos políticos, em vez de avaliar as qualificações dos candidatos.
Uma declaração da presidência descreveu o Senado como um “refúgio para a casta política”. Enquanto isso, Milei criticou os partidos da oposição nas mídias sociais, alegando conluio para bloquear suas nomeações judiciais e outras prioridades legislativas.
Essa derrota enfraquece a posição de Milei como presidente e destaca a resistência ao seu estilo de governança. A rejeição deixa o futuro de García-Mansilla no Tribunal incerto e levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de navegar efetivamente aos desafios institucionais.