O governo dos Estados Unidos, sob o presidente Donald Trump, impôs sanções a quatro juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI), aumentando um desafio direto à autoridade do Tribunal.
O secretário de Estado Marco Rubio anunciou a mudança em 5 de junho de 2025, citando o que chamou de “ações ilegítimas e infundadas” pelo TPI visando os EUA e seu aliado Israel. O Tesouro dos EUA confirmou que as sanções congelam todos os ativos que esses juízes mantêm nos EUA e os proibem de entrar no país.
Os quatro juízes sancionados – Solomia Balungi Bossa (Uganda), Luz del Carmen Ibáñez Carranza (Peru), Reine Adelaide Sophie Alapini Gansou (Benin) e Beti Hohler (Eslovênia) – Placas -chave em ações ICC que têm raiva de Washington.
Dois juízes autorizaram mandados de prisão para o primeiro -ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex -ministro da Defesa Yoav Gallant, citando supostos crimes de guerra em Gaza. Os outros dois apoiaram investigações sobre supostos abusos pelas forças dos EUA no Afeganistão.
Nem os EUA nem Israel reconhecem a jurisdição do TPI, pois ambos os países não são partes do estatuto de Roma que estabeleceu o Tribunal. O Departamento de Estado dos EUA declarou que esses juízes agiam sem o consentimento das nações envolvidas, violando o princípio da soberania nacional.
Rubio descreveu o TPI como uma instituição “politizada” que “reivindica falsamente critério irrestrito” para investigar e nos processar nacionais e aliados.
Um ponto de virada na política judicial global
As sanções seguem medidas anteriores dos EUA contra o promotor da ICC Karim Khan, cujos ativos foram congelados depois que ele perseguiu casos contra autoridades israelenses.
A Câmara dos Deputados dos EUA também avançou legislação para penalizar qualquer indivíduo estrangeiro que ajude o TPI a processar cidadãos nos EUA ou aliados.
O projeto passou com amplo apoio bipartidário, sublinhando um forte apoio político para Israel e uma posição firme contra o que os legisladores chamavam de ultrapassagem judicial.
O TPI respondeu condenando as sanções como uma clara tentativa de minar sua independência. O Tribunal enfatizou que opera sob um mandato de 125 Estados membros e pretende proporcionar justiça às vítimas de graves crimes.
As autoridades da União Europeia manifestaram apoio ao TPI, alertando que a mudança dos EUA poderia corrigir as relações transatlânticas, especialmente à frente da cúpula da OTAN em Haia.
Para observadores de negócios e políticos, este episódio marca uma reação significativa contra a expansão da autoridade judicial internacional. A ação dos EUA demonstra que as nações poderosas podem e usarão ferramentas econômicas e legais para proteger seus interesses e os de seus aliados.
Isso sinaliza uma possível mudança da época em que os tribunais internacionais podem agir sem enfrentar consequências diretas das maiores economias do mundo. Esse desenvolvimento é importante porque redefine os limites entre soberania nacional e direito internacional.
Isso mostra que, por enquanto, a nação mais poderosa do mundo desenhou uma linha vermelha, enviando uma mensagem aos atores judiciais globais de que o ativismo legal desmarcado encontrará resistência.
O resultado pode influenciar como os tribunais internacionais operam e como os estados se envolvem com instituições legais globais no futuro.