O Uruguai, um farol de estabilidade econômica na América Latina, está enfrentando um aumento preocupante em atividades financeiras suspeitas.
Em 2024, o país registrou 964 relatórios de transações suspeitas (STRs) vinculadas a possíveis lavagem de dinheiro e financiamento terrorista, um aumento de 5,8% em relação ao ano anterior, conforme relatado por Procurar.
Esse aumento levanta questões sobre se a abertura financeira do Uruguai está se tornando uma faca de dois gumes. O setor financeiro dominou esses relatórios com 880 registros, contra 830 em 2023.
Entidades não financeiras-como empresas imobiliárias, cassinos, notários e casas de leilão-, com 84 relatórios, um pouco mais do que os 81 submetidos no ano anterior. Esses números representam um salto significativo em relação a 2017, quando apenas 398 relatórios foram registrados.
Enquanto o aumento reflete a supervisão aprimorada, ele também ressalta vulnerabilidades crescentes no sistema financeiro do Uruguai. O Uruguai tem sido um ímã para capital estrangeiro devido a suas leis de sigilo bancário e incentivos fiscais para não residentes.
No entanto, esses mesmos recursos o tornaram um alvo atraente para fluxos financeiros ilícitos. Os dados do governo revelam que as investigações sobre lavagem de dinheiro vinculadas ao tráfico de drogas quase dobraram entre 2018 e 2022, subindo de 1.597 para 3.021 casos.
A luta do Uruguai com o crime organizado
Essa tendência destaca o desafio crescente do combate ao crime organizado dentro de suas fronteiras. Para combater esses riscos, o Uruguai promulgou a lei nº 19.574 para alinhar sua estrutura de lavagem de dinheiro (AML) com padrões internacionais estabelecidos pela Força-Tarefa de Ação Financeira (GAFI).
A lei ampliou os requisitos de relatórios para incluir setores não financeiros e introduziram regras mais rigorosas de due diligence do cliente. No entanto, a aplicação continua sendo um ponto fraco. Uma avaliação do GAFF em 2019 encontrou o Uruguai “Compatiante” com apenas 16 de suas 40 recomendações e ineficaz em áreas -chave como acusação e penalidades.
Apesar de ter sido classificada como nação de menor risco da América Latina para lavagem de dinheiro pelo índice de AML de Basileia em 2024, os STRs crescentes do Uruguai contam uma história mais complexa. Os críticos argumentam que, embora sua estrutura legal pareça forte no papel, existem lacunas de fiscalização.
Essas lacunas deixam espaço para exploração. Riscos transfronteiriços e ameaças emergentes, como lavagem relacionada a drogas, complicam ainda mais a paisagem. O Uruguai agora está em um momento crítico.
Como equilibra seu papel como um centro financeiro regional com a necessidade de controles mais rígidos, sua capacidade de fechar as lacunas de execução determinará se ela permanece uma jurisdição de baixo risco-ou se torna um alvo suave para as redes criminais globais.